sábado, 26 de setembro de 2009

Novus Lux

Havia uma trilha muito longa até a luz. Um caminho ladeado por árvores semfolhas desfolhadas, como no outono que nunca havia vindo. Das rosas eu só sei que elas estavam ocupadas com seu próprio brilho, nos almiscarados vales do sonho. Só por ser só, eu me preocupava. Havia ficado velho por muito tempo, era o momento de mudar. Plantei-me a caminhar, por ser muda nova a crescer, era necessário fenecer primeiro.

Preparo os olhos para o período de luz. Saberei que será o lume novo que tanto busquei na vida, e que já havia desistido de procurar. Eram o que diziam os sonhos insistentes. A nova boa nova das novas expectativas, medroso meio de dizer "apaixonado". Pela vida, pela vida, pela luz. E eu ainda nem a conheço...

Como pode um coração conhecer a luz sem tê-la visto, somente sentindo seu calor?
Cheers!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por detrás do que se esquece há...

Revirando velhos cadernos, vi os restos mortais do ser que eu já fui um dia. Alguns traços, outras aberrações e velhos fantasmas. A viagem àquele passado parecia anunciar uma noite longa, e era tão mais breve em meus pensamentos. Na verdade tudo parecia um longo anúncio de longa data, onde o amor e apego àquelas coisas velhas clamavam por seus tronos em minha memória. Como se eu ainda desse ouvido aos caprichos de horrorosas metáforas atordoantes.

Sim, eu voltara ali para provar do velho veneno. Desejava saber se minha mente ainda adoecia ao sabor daquela peçonha. A minha velha peçonha. Uma reação tão natural quanto querer saber se o fogo ainda queima quando se põe a mão nele. E eu não estou ficando louco, só estava me testando. Por muito mais que a esperança pode supor, por tudo isso, eu devo estar preparado. E a minha sorte é saber que a velha peçonha, aquele veneno que a anos eu destilei, está sem força. Então eu penso no limbo.

Ah, o limbo. De onde eu tirei tais velhos cadernos venenosos. Que eu saiba o limbo já foi maior. Hoje é só a vaga lembrança. Aliás, é depósito de poeira, das aranhas, do meu velho hábito de revisitar. Ouço velhas canções, vejo velhos momentos congelados em papel brilhoso, velhos que hoje estão muito mais velhos, e novos que se tornaram velhos. Sim, todos congelados, no limbo, em papéis brilhosos, dentro de álbuns bolorados. Mesmo assim eu mesmo não me sinto um velho. Só me sinto. Só.
Cheers!

No outro dia, a realidade

As crianças esperando no carro, um buquê de flores amarelas, uma grande expectativa. Um grande jantar, luz branda, música lenta. Ingredientes de um sonho açucarado, com a cobertura doce dalgum doce bem melado. Argh, como eu odeio floreios!

Ordem: Primata. Espécie: Homo sapiens sapiens. Aliás, nem tão sapiens assim...
Cheers!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lentes

Saindo da caverna, a luz era demasiadamente dolorida aos olhos. Mas como pode a luz trazer dor?
Cheers!

A avalanche

A ressaca que aquela chuva me causou, ainda sinto que o calor invade meu coração, sempre a mesma cor nascida do lume cardíaco, o ocre. I don't want to call my friends / For they might wake me from this dream, é a frase que me vem a mente neste instante. Lentamente eu cedo, cada dia melhor, sem nenhum medo. Então pareço estar alegre.

Uma alegria que toma conta, que deixa o rubor para trás, então eu não conheço mais desafios maiores que eu mesmo. Há uma conspiração permeada de riscos que controla tudo isso. Uma conspiração orgânica, uma batalha sem vencedores por interesses campeões. Cartas, papéis de carta, canetas, tinta e milhares de palavras. Os livros passaram a ter sabor. Viajar nas histórias agora é a garantia de felicidade. Outrora me dizias...

E é no âmago de velhas letras, em velhos papéis, que eu encontro o alento para a avalanche. Um canto tão maior que toda a minha preocupação mundana, racional e cruel. Mágicas palavras que me condenaram no passado, e me libertam agora, no presente. Sim, o futuro ainda não chegou. Está custando para dar notícias, e eu já me encontro tão ansioso...
Cheers!