quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Na velha choupana

Em leve espanto desperto de um pesadelo. Uma penumbra cobre meus pensamentos, e lá fora há uma névoa densa. Ou serão meus olhos? Resolvo fechar a janela e voltar a dormir. Mas do que se tratava meu pesadelo. Não consigo mais lembrar. Essa sensação de curiosidade pelo bizarro, já fui muito criticado por isso. Dou uma boa olhada no quarto, quanta bagunça, pareço uma criança de 7 anos. Mas sem brinquedos. A oportunidade de estar desperto me faz ficar pensando nas coisas que ainda tenho que fazer antes de ir. Essa porta é tão bonita!

Eu nunca havia prestado atenção no frio que é esse piso a noite. Um frio incomum. Meus pés gelam, e eu me sento na cadeira da escrivaninha. Levanto os pés, mas que tolice, o frio estará lá. A doce ilusão de negar a realidade. Respiro fundo, penso no que tenho a fazer, mas só consigo pensar na minha curiosidade pelo pesadelo, sem sucesso. Percebo que meus lençóis estão num tom azul marinho, e as folhas produzem aqueles sonolentos sons de quando o vento passa devagar. Creio que já esteja na hora de esquecer, pesadelo e planos, e voltar a dormir.

Embrulhado, pálpebras fechadas, respiração suave, e a mente trabalhando. Tenho a sensação que a cama me engole, e me cospe de volta. A insônia? Pareço um aluno de cálculo em busca da resolução de um problema. Viro meu corpo para o outro lado, pálpebras fechadas, e mais cálculos e cálculos. Nenhuma resposta. Abro os olhos e observo pela enésima vez o telhado, e meus ouvidos ainda ouvem o farfalhar das folhas em meio a um vento que se avoluma lá fora. Penso no chão frio. O frio me atrae, mas continuo na cama, embrulhado. Os pensamentos cansados se repetem, e se revezam. O que será que eu estava sonhando no meu pesadelo? Sangria do tempo maldita! Me faço dormir, sem dormir. Essa porta é tão bonita!

Cheers!