quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nova paz

Novas correntes, novas algemas. Um saco plástico amassado no lugar do coração, bombeando ar, bombeando a fumaça. Lume na mão, rodopios. Uma máquina registra os passos, traços, a capacidade de se reaver os velhos hábitos. Máquina insana, me pede poses, closes e me deixa mais triste. A máquina.

Daí eu morri. Não me deram a oportunidade de carregar sequer um pouco de dignidade. Máquina insana, circuitos perfeitos e fora do comum. Meu corpo agora está sendo velado pelos agentes funerários, ninguem no salão. A máquina não me deu sequer a voz de pedir umas flores. Não me deu sequer o suicídio, do espírito, passo em falso pro abismo, um novo batismo, a queda.

Daqui de baixo eu os olho agora. Não tenho paz. Olho por entre a fumaça, engano da mente. Não tenho paz, não tenho um momento de paz. Não tenho mais a minha paz. Aqui em baixo as coisas fervem por dentro, nessa idéia de frio. Aqui em baixo estamos sufocados, acorrentados, algemados. Ainda assim é um conforto. Estou repleto de cinzas, queimando o antigo plano de ter uma vida. Aos poucos a máquina me supõe em seus cálculos. E um fio ainda me liga ao mundo lá de cima.

Não tenho paz. Não tenho paz. Não tenho paz. Não. Tenho.

Paz.