sexta-feira, 21 de abril de 2006

Ser:Explicar

De fato eu sou um ser de extremos. Transito entre o são e o louco em meio às questões filosóficas que pulsam na minha mente. Sou bom e mau, torto e direito, estou aqui e noutro lugar! Com certeza eu sei q as pessoas me acham um doido, digno de pena. Eu sei que ninguém, hj em dia, quererá explorar-me por ajudar, mas por achar estar sanando-me de minha dualidade!

Não sou insano. Sou dono de muitas faces, eu sei, mas isso é motivo para a toda-poderosa reação com que os olhares me fitam, os desdenhosos ouvidos me notam ou as nada ponderadas línguas falam de mim? É por isso que eu me enclausuro, talvez. Não há espaço para mim, pois sou dois ou mais, num mundo individualista. Eu sou diferente dos demais, por isso me destaco. Mas é entre as diferenças que o diabo costuma agir! E, pobre de mim, nem passo perto de ser exemplo de personalidade.

Abstraio o quente vapor de idéias que me povoam. Noutro momento eu disseco antiquíssimas idéias, congelo minhas possibilidades. Não é com a pena que posso dizer como se dá isso, nem com a língua. Há algo a ser descoberto em mim? Eu consulto-me constantemente, e decepciono-me às infrutíferas respostas. Talvez eu feche pra balanço, com a certeza de que é só a poeira sentar pra que eu me abra. Eu hostilizo meus sentimentos refreados pelos meus dogmas mágicos. Por isso eu não possa ser mais, somente um simulacro do possível.

...somente um simulacro do possível. Um possível simulacro. Somente um simulacro. Possível somente.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Touch me, I'm sick!

Não sou moderninho, tampouco sou careta. A idéia que me passa atualmente é tão fora de mim que só não a ponho em prática pq não consigo morrer logo dessa febre, dessa garganta inflamada! Enquanto eu estiver doente, tudo deverá passar, nada haverá de acontecer...

Ah, estive impaciente! Realmente não há sombra que me ligue, que se mostre ao menos capaz de perguntar: cara, cê tá doente? Não! Eu sou um desafortunado. Tenho que desabafar...

E como eu poderia ir pra facu, nesse estado? Estou com saudade do ICHL, mais precisamente do palco. Aquele é um local de reflexão, rss. Pois não há como estudar na casa dos meus pais... não consigo mais. Tá foda ler, tá foda escrever, tá foda té cantarolar, com o pandemônio habitual, com os mandos e desmandos, com o choro, etc.

Aí, agora a noite o Jr trouxe a Ariane! E já que eu não podia ir pra praça, pro sereno, eu fui! Afinal é a minha amiga, a pessoa que me deixava mais saudoso esses tempos! Vou adormecendo a saudade, pq matar a gente não mata pq ela acaba voltando!!

Ah, e leiam os outros posts. Não é só de mim q esse blog fala!

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Personagem: Suzane von Richthofen

Ouvindo: Older Chests - Damien Rice Lendo: meus poemas Escrevendo: nada além disto.

Há uma personagem do circo de horrores em voga no cenário policial e fictício da qual eu gostaria de, sobre ela, dissertar. Seu nome é Suzane von Richthofen, a menina que confessou ter planejado e participado do assassinato de seus pais.

Sim, ela é uma personagem. E é por isso que não compreendo a surpresa da mídia em vê-la na sua péssima primeira e única atuação diante das câmeras. Não entendo onde ela pode estar sendo mal vista, se nos seus motivos, ou na sua veia artística falida. Qual a razão para condenarmos uma personagem tão mal escrita e mal caracterizada, dirigida por um diretor sem tato nenhum para o fio dramático? Qual a razão para vermos na tentativa duma mulher que sequer frequentou aulas de teatro a ética de seu pseudo-protetor?

Pois então condenemos os atores, que mentem todos os dias nas novelas, filmes e apresentações de teatro. Eles encarnam personagens, mas que de tal modo são aperfeiçoados pelo estudo que não temos segurança suficiente para apontarmos qual sentimento está se passando em seus corações. Condenemos os políticos, que mentem em seus discursos, mas são desprovido do estudo específico dos atores, sendo, portanto, muitas vezes desmascarados em pleno ofício.

Suzane é um exemplo de fracasso. Ela fracassou na tentativa de convencer-nos de seu problema, que é tão mentiroso e manipulado que nem um grande ator poderia criar certo arquétipo. Aliás isso é um ponto positivo na atuação de Suzane: uma atuação única, que ninguém seria capaz de repetir, pelo teor dissimulado e pouco inspirado. Seu diretor fracassou porque se aproveitou de sua conduta para criar aquela colcha de retalhos sentimentais, sua personagem, à um programa de TV. Ele fracassou porque confiou demais nas suas orientações, dando como certas as escolhas duma mulher mentirosa. Pois eu digo que não há como validar a mentira pela verdade dos atos. Para um bom ator, deixar transparecer em seus olhos a realidade que se quer passar é ter garantias do sucesso.


Eu digo, então, como poderia ter sido melhor, para ela, em sua atuação: primeiramente Suzane deveria ter feito essa entrevista ANTES de ter pedido a fortuna dos pais. Deveria acostumar-se a idéia de injustiça, já que ela quis que sentíssemos isso por ela, pois um grande mentiroso primeiro convence a si mesmo, para passar veracidade na sua voz, nos seus atos. Deveria ter exposto menos seu tutor, caso fracassasse. E este deveria ter pensado menos na hora de decidir-se pela entrevista: quanto mais tempo se leva para uma apresentação, mais se cria insatisfação do público. E o público é o principal motivo do teatro, da encenação.

E para finalizar: a inclinação visível ao sensacionalismo é que criou o personagem Suzane von Richthofen. A televisão é ávida de personagens, não importa quantos, nem a qualidade, mas personagens que mostrem inúmeras realidades. A importância que se dá a eles é tanta que por inúmeras vezes seguimos seus dogmas, espelhando-nos ou contrapondo-nos. E essa parricida, atriz falida, aproveitou-se da crença de nós todos em personagens. Só não contava com os microfones ligados...