segunda-feira, 21 de março de 2011

Ódio à ele

Poderíamos dizer que todos ali estavam pouco confortáveis com a sua presença. Com pouco mais de quinze minutos mais da metade dos alunos saíram da sala. Era insuportável a idéia de estudar com tal pessoa, e você sabia disso. E por isso mesmo ficou ali, impassível, anotando tudo o que o tambem relutante professor tentava ensinar.

Cinco minutos mais haviam passado e agora somente uns dez alunos estavam em sala. De lá de fora já ouvíamos os burburinhos, alunos inconformados com sua presença, alguns à beira de chegar às vias de fato. Haviam aqueles que racionalizavam, buscavam uma explicação que não existia, e por isso mesmo geravam tais embates: os que "queriam acreditar que era possível que você estivesse lá" versus os que "simplesmente não toleravam essa idéia".

Mais tempo se passara e você ali, sentado à frente dos remanescentes impacientes pelo fim daquela aula. Uma névoa de fumaça de cigarro entrava pelas frestas das janelas, fumaça cuspida, uma forma de boicotar aquela situação, e de não levá-la adiante. Mesmo assim o professor, procurando ser profissional, tolerou mais alguns minutos de explanação. Ninguém copiava, ou prestava atenção, exceto você. Todos olhavam muito putos pras suas costas, e para mim parecia que a qualquer momento alguém partiria sua cabeça com uma cadeira. Sei lá...

Eu pensava nisso tudo dessa maneira por sentir que isso me confortava, me tornava neutro, quase impossível de percebê-lo ali, e lembrar de você. Eu tentava me manter sóbrio na minhas próprias convicções, com algum esforço para notar a aula, claro, a coisa mais desimportante daquele momento, daquele cenário. Além do mais, você não se importava. Ou pelo menos mostrava isso. E assim eu percebi seu plano: fazer com que eles sentissem somente o que você sentiu na solidão dos rumores. Uma inexplicável solidão dolorosa. Você os deu o esquecimento. Você os esqueceu!

Não há nada pior do que não existir pro pensamento...
Cheers!