terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por detrás do que se esquece há...

Revirando velhos cadernos, vi os restos mortais do ser que eu já fui um dia. Alguns traços, outras aberrações e velhos fantasmas. A viagem àquele passado parecia anunciar uma noite longa, e era tão mais breve em meus pensamentos. Na verdade tudo parecia um longo anúncio de longa data, onde o amor e apego àquelas coisas velhas clamavam por seus tronos em minha memória. Como se eu ainda desse ouvido aos caprichos de horrorosas metáforas atordoantes.

Sim, eu voltara ali para provar do velho veneno. Desejava saber se minha mente ainda adoecia ao sabor daquela peçonha. A minha velha peçonha. Uma reação tão natural quanto querer saber se o fogo ainda queima quando se põe a mão nele. E eu não estou ficando louco, só estava me testando. Por muito mais que a esperança pode supor, por tudo isso, eu devo estar preparado. E a minha sorte é saber que a velha peçonha, aquele veneno que a anos eu destilei, está sem força. Então eu penso no limbo.

Ah, o limbo. De onde eu tirei tais velhos cadernos venenosos. Que eu saiba o limbo já foi maior. Hoje é só a vaga lembrança. Aliás, é depósito de poeira, das aranhas, do meu velho hábito de revisitar. Ouço velhas canções, vejo velhos momentos congelados em papel brilhoso, velhos que hoje estão muito mais velhos, e novos que se tornaram velhos. Sim, todos congelados, no limbo, em papéis brilhosos, dentro de álbuns bolorados. Mesmo assim eu mesmo não me sinto um velho. Só me sinto. Só.
Cheers!

Um comentário:

Pedro Valls disse...

Relembrar coisas boas é bom, mas não sei o seu caso Yabukishin. não sei se são lembranças boas ou ruins...