terça-feira, 28 de fevereiro de 2006


Ouvindo: O Fortuna - Carmina Burana Lendo: Os blogs dos amigos Escrevendo: anotações sobre compulsão, sobre paixão.

Decerto muita coisa que acontece nesse mundo está relacionado com as relações sociais. As trocas, as idéias já não são discutidas visando um bem comum. Mata-se para viver, vive-se para matar. Competimos com todos, sempre sofrendo pressão de idéias partidas do pressuposto de que o mais fraco será extinto, a lei do mais forte. Aí nos dopamos com elixires da juventude, com drogas que nos trazem prazeres momentâneos, com visões e idéias vendidas pelas mesmas modernas pessoas que nos viciam.

Agora temos uma pré-guerra civil no Iraque. Como se não bastasse a carnificina que nos acostumamos a ver, partida dos países colonialistas como os EUA, agora vemos a carnificina partida dos diferentes sectos religiosos daquele país. É lamentável.

É muito mais complexo do que eu possa imaginar. Por isso meus comentários serão comedidos.

Mas vejam: uma guerra civil é um ÓTIMA oportunidade dos países colonialistas de infiltrarem mais ainda suas raízes naquele país. Todos saem perdendo, e ainda perdem a autonomia política. É uma ÓTIMA oportunidade pois dará aos colonialistas o discurso oportunista de que há uma inabilidade daquele povo com o trato com a paz. Oportunidade de dizer que a culpa é de Allah, que é o Deus que não quer lhes compreender, que não quer compreender a importância de suas "missões de paz". Oportunidade de sorriso largo para os exportadores de armas, do mercado negro que trafica a morte, e dos fabricantes também. E oportunidade também para países pretensiosamente moralistas, os falsos moralistas e os moralistas de aparecerem na mídia como ajudantes, socorristas, prestadores de favores, como feudos. E a imprensa manipulável, fonte duvidosa e silenciada.

É morbido assistirmos a uma guerra entre irmãos. Não nego um certo prazer de saber que os homens-bomba se fazem ouvidos. Uma explosão que diz assim: eu sou corajoso suficiente pra morrer pelo meu Deus! Mas, além dessa fala, veladamente após a explosão, ouve-se outra fala que diz assim: Esse é SOMENTE um recado de nós, líderes religiosos extremistas, de que se vocês não adoram nosso Deus, morrerão como esse homem-bomba!

Imagino que o ocidente é surdo, não como um todo, pois há a questão do insurgente Chávez no poder, a questão da Colômbia e as Farc, o Haiti, para não citar as centenas de guerras de vizinhos que vemos na Europa por séculos. Aliás, talvez não surdo, mas ensurdecido pelo primeiro grito da explosão OU pelo segundo grito.

Há uma despreocupação humanitária. Antes de qualquer escolha pessoal, aquele homem é um ser humano. E conheço cachorros muito mais bem tratados que os infelizes. Não nos reservamos sequer um tempo para pensarmos nas idéias pregadas por eles. Aí alguém me diz: e por causa de quê eu vou ouvi-los? E digo que há sim palavra nas causas desesperadas e mal interpretadas, nas duas pontas, dos homens daquele país. Com certeza não é uma guerra "restauradora da paz", mas ainda assim o que os colonialistas oferecem é o mesmo, a guerra pela guerra. O continuísmo do velho. Por isso penso que seria mesmo melhor destruir, durante essa guerras, todos os templos e museus de ofertas antiquíssimas; enterramos o passado, para vivermos o futuro mais intensamente. Ou seja, vivermos mais intensamente as guerras diárias, seguindo as leis deturpadas, mantendo a insanidade de imagens como a que está no topo deste post.

Seria melhor imaginar que o futuro não nos reserva coisas piores...

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