quarta-feira, 3 de junho de 2009

Esta é uma despedida

As estrelas eram as únicas testemunhas. Chuvia uma fina chuva de início de noite. A serpente vinha, maliciosa, ao meu encontro. Todo seu veneno, todo seu veneno. Já faziam alguns anos que eu havia sido seduzido por ela. E naquele dia eu queria mais. Toda a sua malícia, a serpente, a malícia.

Sentei-me num muro baixo, e a vi chegar devagar. Só ouvia o chiado de minha respiração, noite fria. Meu pensamento era naquela tão mal fadada ópera que cantava, zumbia, em meus ouvidos. Os acordes, sonora opinião neo românica, profunda. Meus olhos mareados dum líquido sedoso. A platéia soava tantas coisas imundas, eu me enchia de ódio. E ali, no fim daquela, os víveres acabariam todos, a fome nos consumiria. A fome, a fome. Algo dentro de mim transformava...

O divertido era insano. Havia uma roda punk no meio de nós, cuns melhores acordes que já havia escutado. Mas mais ninguém queria ouvir! Era o abandono do inóspito lugar! E corriam, corriam, os ouvidos corriam todos. Clamavam, gritavam. E eu só lembrava do prazer que proporcionava.

A serpente chamou. Desço e recebo seu beijo. Meu planeta era tão mais distante que todo seu veneno, todo seu veneno. Nalgum lugar de minha lembrança eu avistara um lugar que me queira. Ia para lá. Aqui ainda era noite. Ainda era noite dentro de mim, também. E a magia me envolveu e eu pude gritar a dor.

E quando meu sangue tocou a terra... eu fui!
Cheers!

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