quinta-feira, 3 de julho de 2008

A bullet and a drink

O barman já me esperava. A notícia correu muito rápido. Mais do que eu esperava. O bar estava com aquele cheiro característico, mas para mim era um tanto nostálgico. Aqueles velhos pecadores e suas taças cheias de veneno, seus pulmões entupidos de ar sujo de horas de trabalho e cansaço. Os rostos conhecidos me encaravam como um reles desconhecido, as garçonetes estavam esplendorosas em seus trajes fedidos. Eu havia decidido que dali eu sairia bêbado, mas diante de tal cenário eu não fiquei sequer cinco minutos.

Fui caminhando para o bar seguinte, e pela mente já me passara a idéia de ir num pub ou, a melhor das idéias, num puteiro. Um homem sozinho tem que ter escolhas, but "too many options may kill a man". No caminho alguns rostos, e nenhuma atenção. Será que meu semblante está assim tão ruim? Há algo no meu cigarro que me impede de pensar sobre isso, então não importa. E custa pra chegar o outro bar. E o caminho é o suficiente para cantar uma pequena canção, para mim, punk.

Não direi que fiquei no segundo bar. Fedia muito lá. Então fui pro puteiro. Mais do mesmo?

Sim, o barman nada atencioso, a química estourando no banheiro, o chão de cevada, os pecadores mais que promíscuos, as dançarinas de final de época. E eu lá no meio. Cometia o erro de acender um cigarro na ponta do outro, bebia vinte e cinco paus de cerveja em vinte minutos "pra ligar" e botava os pés no balcão pra mostrar virilidade. Chamei uma puta pra conversar, e deixei algum número de celular com ela. "Pra depois", eu disse. Mas eu nem tenho celular. Me diverti com aquela que mal sabia rastejar no palco, e me diverti mais com a que sabia. Enfim eu pude descansar em colo desconhecido. Fui novamente jogado pra fora feito um cão sem-dono.

Amanheci na padaria, comendo meus últimos centavos. Aliás, os últimos não porque esses pagaram os trinta minutos que levei pra escrever isso. E só! Agora eu quero dormir...
Cheers!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Recortes áuricos

"...do senhorzinho tocando gaita e sanfona... que a alegria era teu tônus, e saberá?... cantando toda a prosa preparada... Shiva não me procura mais... (e daí?) É um pandemônio tamanho que me amedronta... sua açucarada vida se revia... eu me perguntava, agoniado, por todas aquelas frases grifadas... prasanna vadanaaM saubhaagyadaaM bhaagyadaaMhastaabhyaaM abhayapradaaM maNigaNair-naanaavidhair-bhuushhitaaM... eu mereço um descanso... não escolha tanto, por favor."

Tirem daí todas as respostas necessárias pra vocês, idiotas. E espero que resolva os problemas de vocês. Eu estou de saco cheio.

Leia! Leia novamente!
Cheers!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Noite Reversa

As folhas da árvore não estão mais lá. Ainda me lembro do senhorzinho tocando gaita e sanfona, triste e resmungando, sempre que podia. Não era o encontro perfeito mesmo!

Desde o começo da tarde as coisas não davam certo. Eu estava cada vez mais chateado com seu atraso e você cada vez mais atrasada. A medida que eu pensava que aquilo acabaria, tinha a sensação que ficaria pior. Daí eu procurava ver as coisas por outra ótica. A ótica do otimismo. Tudo vai dar certo, dizia eu. Mas não era meu dia de sorte.

Você chegou e foi logo cantando toda a prosa preparada no ônibus. Aquela sua idéia errada de que eu sou crente de todos os teus defeitos. Não te passou à cabeça, em momento algum, que eu nem me importava mais com o atraso...

só com tua fera!
Cheers!