sexta-feira, 11 de maio de 2007

Bamahi Navídia (ou Seakku Furna)

Há uma agonia no ar que passa quase desapercebida pela vida. Uma agonia que sufoca, mas que ao mesmo tempo deixa respirar. Eu não sou nenhuma criança pra chorar quando estou com fome, mas já não dá mais pra aguentar essa agonia.
As horas em que eu gostaria demais de morrer, que seria uma coisa tão interessante a fazer. São nesses momentos é que percebo as coisas morrendo ao meu redor. Quanta gente não enxerga aquilo que está morrendo ao seu lado, e nada faz.
Existe uma guerra lá no Oriente Médio. Dezenas de pessoas morrem por dia. Pessoas. Humanos. Plantas. Sonhos. Tanta coisa. E eu fico querendo morrer aqui, sem poder me dar o a chance de fazer algo pra estancar essa sangria religiosa. Deveríamos ver mais a morte pra enxergar a vida. Deveríamos ter mais noção do ridículo que são nossas vidas perfeitas frente à barbárie da sobrevivência de um povo que está sendo refém da "maior potência do mundo" e ao mesmo tempo refém da ignorância religiosa e surdez auto-imposta.
Eu, sinceramente, gostaria que a agonia passasse, até porque eu a identifiquei, eu a reconheci. A gente convive com uma doença por décadas quando não a conhece, quando não a sabe.
Mas, sem a agonia, eu me sentiria como? Será que não há lição nisso? Com ela eu sei duma parcela infinitamente pequena do que ocorre naquelas terras longíquas. Sem ela eu serei mais um daqueles personagens dos folhetos das igrejas mórmons: aparentemente felizes!
Hum, e dá uma folga pra mim, oclusiva repetitiva que tornou a me assombrar as madrugadas. Dá uma folga pra mim, grande verbo exasperante. Você sabe quem é, você sabe que é pra você que eu me dirijo.
Cheers!